Certa vez você me contou que amava o mar, mas você nunca me amou, eu pensei. Então percebi que não estávamos falando da mesma coisa. Você ama o cheiro doce de água salgada. Você não ama as tempestades em alto mar e o desconhecido que habita nas profundezas. Eu me afogo nas dores que me puxam para baixo. Corro para longe de quem tenta se aproximar, não porque falta espaço em mim – eu também sei ser profunda –, mas é que não é justo que alguém morra sem fôlego só porque eu ainda não aprendi a nadar.

Há muitos navios atravessando minhas águas, e não sou firme o bastante para que algum deles desista de zarpar e me ofereça a âncora. Peço perdão por não ceder um lugar para você nesse mar de loucuras que é minha alma, mas saiba que sou muito mais do que cicatrizes. Há muita profundidade em meu coração, e eu sou corajosa o suficiente para amar o que ainda não conheço. Mas até as maiores ondas se quebram quando chegam ao limite, e alguém me quebrou antes de você chegar até mim.