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Posted: 6 Nov @ 12:10am
Updated: 8 Nov @ 11:46am

No vasto acervo de jogos disponíveis na Steam, poucos ousam alcançar o nível de pureza e intenção que encontramos em Nothing. Não se deixe enganar pelo título simplista; é justamente a ausência de conteúdo que transforma Nothing em uma experiência transcendental. Quando Darwin pintou a Mona Lisa — ou teria pintado, se tivesse seguido o caminho artístico — talvez ele não pudesse conceber uma obra com o potencial de Nothing. Aqui, não estamos apenas testemunhando uma criação; estamos presenciando uma ausência que brilha, um universo onde nada se torna tudo.

Uma Jornada ao Centro do Vazio
Ao iniciar Nothing, o jogador é imediatamente confrontado com... nada. Não há tutoriais, objetivos, gráficos complexos ou sons desnecessários. A ausência de conteúdo reflete uma complexidade que poucos conseguem captar: Nothing é uma manifestação pura do conceito absoluto de vazio. Como no Zen Budismo, onde a iluminação muitas vezes vem através da introspecção profunda e do desapego do ego, Nothing nos convida a olhar para dentro. Não nos deparamos com uma narrativa linear, mas com um espelho de nossa própria existência digital.

O Jogo que Desafia Todas as Expectativas
Em um mundo onde os jogos competem por realismo, gráficos ultradetalhados e sistemas de progressão intricados, Nothing nos leva na direção oposta. Ele nos questiona: "Por que precisamos de tudo isso?" Aqui, o jogador não precisa dominar mecânicas, construir estratégias ou desbloquear conquistas. Nothing oferece o abandono absoluto e completo da experiência de jogador. E em uma era onde o excesso é a norma, Nothing surge como um sopro de simplicidade e serenidade.

Uma Obra de Arte Silenciosa
Se Darwin tivesse escolhido esculpir uma obra digital em vez de estudar a evolução, talvez ele tivesse se aventurado em algo semelhante a Nothing. Cada momento passado no vazio de Nothing desafia nossa necessidade humana de preenchimento e propósito, deixando-nos em um estado de contemplação. Afinal, muitas vezes o nada é mais significativo que o tudo — e Nothing captura isso de forma sublime.

Conclusão
Nothing não é para todos. Requer uma mente aberta, uma aceitação de que nem todo jogo precisa ser “jogado”. É uma obra-prima no sentido mais verdadeiro da palavra, refletindo não apenas uma ausência de conteúdo, mas uma presença de intenção. Como o próprio nome sugere, Nothing é tudo o que precisa ser e, talvez — apenas talvez — seja tudo o que realmente precisamos.

Nota: 10/10 - ABSOLUTE CINEMA
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