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Publicada: 3 jun. 2022 às 12:57
Atualizada: 20 jun. 2022 às 18:06

Jogo: Beyond: Two Souls
Gênero: Drama, Ação, Aventura
Desenvolvedora: Quantic Dream
Distribuidora: Quantic Dream
Data de lançamento: 18 de Junho de 2020

ENREDO:

Beyond: Two Souls é uma narrativa interativa envolvente. Com ação, drama e elementos sobrenaturais, a história da jovem Jodie é bastante interessante. Duas são as formas como a história do jogo pode ser apreciada. Uma delas é acompanhar o crescimento de Jodie da infância até a fase adulta de forma linear. A outra segue uma ordem própria, que intercala eventos de pontos diferentes da linha do tempo, adicionando uma camada de suspense, de construir um quebra-cabeças com as memórias da personagem. Como tudo é guiado de forma bastante lógica, as passagens não são nada abruptas e é possível compreender bem como cada evento se encaixa na vida da personagem, o que também é facilitado por um mapa temporal que é mostrado antes de cada cena.

Desde que se conhece como gente, Jodie sempre esteve conectada a Aiden, um ser de outro plano da existência com poderes sobrenaturais. Você deve alternar entre ambos os personagens para lidar com as várias situações que são apresentadas, além de realizar uma série de escolhas que podem alterar o desenvolvimento da história. O jogo apresenta uma narrativa centrada na ação e no indivíduo de Jodie. Ao mesmo tempo em que é um jogo, a grosso modo, sobre uma menina com poderes sobrenaturais e como ela lida com eles, também é uma história bastante pessoal sobre vários momentos de sua vida e como eles afetaram quem ela é.

Nesse sentido, é bastante interessante como existem várias versões do modelo da personagem. Não apenas criança, adolescente e adulta, mas vários cortes de cabelo e roupas. Isso contribui para a noção de que ela é uma metamorfose ambulante, uma pessoa condenada a se reinventar continuamente para lidar com as reviravoltas da vida. Até mesmo a forma como ela se movimenta pelos cenários varia de acordo com a cena, refletindo claramente aspectos emocionais da personagem. Vale destacar também a atuação de Ellen Page dando vida à personagem principal, mesmo enquanto criança ou adolescente e pelos milagres da tecnologia, a atriz entrega um dos melhores trabalhos de sua carreira. Em alguns momentos, ela está confiante, em outros, despreocupada, mas em absolutamente todos é notável seu esforço e entrega ao projeto da Quantic Dream.

JOGABILIDADE:

Como um título narrativo, boa parte da história é contada em cenas onde você deve escolher uma opção de diálogo ou reagir a situações de quick-time event. A ação nesses momentos pode ser bem frenética, e o uso de comandos bastante simples torna a experiência bastante agradável, ao mesmo tempo em que oferece a sensação de que você está efetivamente realizando aquelas ações pré-programadas. Pressionamentos rápidos de botões se alternam, entretanto, com uma estranha decisão de usar carregamentos e analógicos para realizar a maioria das ações de Aiden. Enquanto em alguns momentos é preciso ser ágil para não morrer (percebendo, depois, que mesmo errando tudo, o desfecho ainda será parecido), em outros a ideia de mover alavancas para lá e para cá de forma a realizar ataques depõe contra a pressão e reduz o senso de urgência.

Além disso, é possível alternar várias vezes entre Jodie e Aiden. Enquanto a primeira pode interagir com os objetos e pessoas diretamente, Aiden usualmente utiliza algum tipo de poder sobrenatural. De acordo com o contexto, ele pode empurrar ou quebrar objetos, e até mesmo entrar no corpo de alguns personagens para realizar determinadas ações. Com tudo isso, Beyond: Two Souls mantém, nos PCs, a sensação causada pelo original. Muitas vezes a vontade é de efetivamente assistir ao que está acontecendo, largando o controle no chão e desistindo de controlar Jodie e Aiden por esse universo. O tom emotivo e contemplativo de muitas das cenas ajuda a reforçar esse sentimento.

GRÁFICOS:

Toda a animação em Beyond foi feita a partir da captura de movimentos. Talvez você até já tenha visto pela web, durante o desenvolvimento do jogo, alguns vídeos e fotos dos atores Ellen Page e Willem Dafoe (e o restante do elenco) cobertos de sensores enquanto davam vida a Jodie e ao doutor Nathan Dawkins. O resultado final é indiscutível: os movimentos são muito naturais. O jeito de andar, que muda diversas vezes, seja de acordo com a temperatura, a idade ou o estado emocional dos personagens, é perfeito. Mas é nos rostos que fica o fator surpresa: com mais de 90 sensores grudados no rosto dos atores, todas as sutilezas de expressões estão em Beyond. Também é nos rostos que ficam os mais impressionantes resultados. A textura da pele, o brilho de lágrimas escorrendo, até fios da sobrancelha têm uma riqueza impressionante.

O jogo também conta com cenas em que você possui liberdade para explorar os cenários, interagir com os objetos e poucas pessoas neles presentes. Assim, como no caso da aparência da protagonista, os ambientes têm uma boa diversidade, contando, por exemplo, com laboratórios, áreas desérticas e regiões cobertas de neve. Junto com as animações faciais e corporais bem executadas dos personagens, isso torna perceptível o grande cuidado da desenvolvedora com o aspecto gráfico do jogo, que de fato chama bastante a atenção.

TRILHA SONORA:

A trilha sonora ficou a cargo de Lorne Balfe e da lenda Hans Zimmer, compositor responsável por boa parte das trilhas de filmes que você provavelmente já assistiu, como O Rei Leão, Interestelar, Piratas do Caribe e Gladiador, entre muitos outros. Como não poderia deixar de ser com um nome desses, a trilha sonora é impecável, apesar de discreta, ela mantém o clima de tensão adequados na maior parte do jogo. A trilha sonora reflete a solidão de Jodie que, apesar de estar sempre com Aiden, não tem nenhum laço realmente forte com outras pessoas. O jogo está totalmente localizado em PT-BR (com legendas e dublagem em Português do Brasil), o que contribui para imersão. A dublagem conta com vozes conhecidas e também está muito bem encaixada.

OTIMIZAÇÃO:

Há pouca coisa a ser dita, aqui no PC, como de costume, os jogadores podem desfrutar da melhor qualidade possível a 60 FPS, mesmo com configurações mais modestas. Bem, no quesito otimização, a Quantic Dream fez um bom trabalho e o jogo é coerente quanto aos requisitos mínimos e recomendados. O único ponto negativo é a inexistência de uma opção nativa para remover as barras pretas (black bars) da gameplay, sendo necessário fazer o download de um MOD para corrigir essa questão.

CONCLUSÃO:

Beyond: Two Souls desenvolve uma interessante história de ação com elementos sobrenaturais. Com a possibilidade de jogar em português brasileiro, uma belíssima direção de arte e comandos simples, o título é certamente recomendado para fãs de experiências narrativas envolventes e criativas. A Quantic Dream demonstra mais uma vez sua competência em produzir jogos deste gênero, e torna Beyond uma experiência única.

"Já morri duas vezes, não tenho mais medo da morte." - Jodie Holmes

Enredo: 9
Gráficos: 9
Jogabilidade: 9
Trilha Sonora: 10
Otimização: 9
Diversão: 9

Nota final: 9.1/10
RECOMENDADO!
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