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DRAGON BALL Z: KAKAROT
1
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“As pessoas são lindas. Esculturais. Paródias e tragédias de si mesmas. Uma grande democracia de criaturas...”

Disco Elysium é um RPG de protagonizado por um detetive que perdeu completamente sua memória ao nível de não conhecer conceitos básicos da sociedade, como o que é dinheiro, qual é sua profissão e até seu próprio nome. O jogo leva o personagem a investigar um assassinato um tanto quanto diferente, que o faz rodear uma peculiar periferia cheia de mistérios e personagens a serem encontrados.

Para pessoas apaixonadas em RPG de mesa e/ou livros, esse game é um prato cheio. Ele não é um jogo 100% visual, ou seja, há descrições que revelam os acontecimentos, junto do apoio de imagens em aquarela. Nesse aspecto, esse estilo de arte foi uma escolha excelente, já que transmite ainda mais a ideia de imaginação, por ser um estilo levemente borrado e com poucos detalhes. Particularmente, a narrativa é o ápice da obra como um todo. Cada texto, cada momento de reflexão são dignos de estudo em uma universidade de artes. As palavras parecem ter sido minimamente pensadas para que estivessem ali, pois trazem um sentido que permeia, por muito, o significado denotativo das frases.

Já fui um amante de RPG de mesa. É bastante nostálgico sentir a tensão de fazer uma rolagem de dados e ver sua sucessão. O jogo recompensa o jogador caso ele seja perspicaz ao escolher uma determinada opção de diálogo logo após uma falha, o que é fantástico, pois, em muitos casos, não depende apenas da sorte nos dados. Menção honrosa ao melhor detetive que toda Revachol já presenciou, Raphaël Ambrosius Costeau, advindo de uma das melhores falhas nas rolagens do game.

Um dos excelentes fatores desse game é a imensa liberdade que o jogador pode ter. Diferentemente de alguns jogos que dizem ter o mesmo propósito, suas ações têm uma consequência clara, pessoas vão gostar de você ou não ao medir sua índole, suas seleções de pensamentos vão mudar o rumo de alguns acontecimentos da trama, já que uma diferente escolha de ações ou uma simples troca de palavras podem ser fatais para uma série de personagens.

Nessa instância, falo com tranquilidade que o fator 'replay' desse jogo é um dos maiores e melhores que eu já vi. Todos os tipos de detetives que se pode ter abordam o desenrolar da trama de forma completamente única. Desde o pensador, que enxerga as nuances da cena do crime e é capaz de deduzir os mínimos detalhes, o sensível, que consegue mergulhar nos mais profundos sentimentos dos suspeitos e entender os motivos, medos e hesitações, até o mais violento, que usa da velha, famosa e eficiente força bruta para adquirir informações valiosas. Nesse quesito, não existe o melhor arquétipo, mas sim o que melhor se encaixa com o estilo de jogo de cada jogador.

Outro ponto positivíssimo é sua abordagem à temas políticos. O game consegue surfar em cada escolha dentro desse âmbito sem que haja apologia. Esse RPG faz questão de atirar ao jogador a impureza humana, a ânsia de cada ser humano ao próprio lucro e ao próprio sucesso, a exemplo do fato de se beneficiar através de entraves humanos, como as revoluções que ocorreram em Martinaisse. O game traz uma análise fria, que exprime que a política não se limita a apenas esquerda, direita e centro. Pelo contrário, é uma ciência muito mais complexa que isso.
"Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém."
(Rousseau)

Apesar de política ser um tema constante dentro do game, está bem distante de ser o fator primordial para apreciá-lo. Sua ambientação é feita de maneira magistral, em um lugar às mazelas da revolução, praticamente abandonado pelo resto do mundo, assim como você, o próprio protagonista. Ela é complementada com as singularidades (as subpersonalidades), que descrevem o ambiente de uma forma que quase se torna possível sentir, ver e ouvir o que é narrado.

Um dos aspectos que eu mais valorizo em uma obra audiovisual são os personagens. Disco Elysium consegue fazer com que cada um deles seja completamente único, com suas próprias singularidades, seu modo de falar, suas manias, seus ideais, suas ambições (ou a falta delas), absolutamente tudo. Falo com tranquilidade que nenhum exclui esses fatores, nenhum é um 'mero figurante'. A sensação de andar pelo cenário é a de estar caminhando em uma nova realidade, uma que você não conhece nada e ninguém (literalmente), repleta de pessoas a conhecer. Cada personagem traz uma crítica bem sutil a algum problema da sociedade, muitos são diálogos que tocam no coração e trazem ao jogador um momento reflexivo, como o escapismo de uma senhora ao viver mentalmente no passado e um insano homem que tem 'estudos' de frenologia.

O que pode se dizer de um ponto "fraco" do game é a sensação de querer mais. O jogo te apresenta um universo inteiro, um mundo recheado de conteúdo e de potencial pra acabar com esse sentimento, no limiar para explorá-lo. Entretanto, por mais angustiante que seja, não prejudica em absolutamente nada a experiência pós-jogo, disso eu garanto.

Enfim, Disco Elysium não é pra qualquer um. Ele beira a margem de 1 milhão de palavras, quase três vezes mais que The Witcher 3, que é um jogo imenso. Os tradutores mantiveram a obra fidedigna ao vocábulo rebuscado da versão em inglês, mas, é uma pena que o game não tem tanto reconhecimento aqui no Brasil como deveria ter. A experiência de jogá-lo, concluí-lo, sentir cada momento é incomparável. Seja o policial que quiser e desbrave essa aventura. Afinal, Disco Elysium só funciona se você estiver disposto a errar.

Ao eterno Tequila Sunset, que estará sempre no meu coração.

Nota: 10/10
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