Passei muito tempo me perguntando se deveria me pronunciar sobre o assunto, mas... com a quantia de comentários de pessoas que não fazem a menor ideia do que estão falando sobre "13 reasons why" e "A baleia azul" resolvi me manifestar.
De fato, passou-se a discutir muito mais sobre a depressão a partir daí mas, infelizmente, para isso, muitas pessoas tiveram que perder a própria vida. Afinal, seu chefe ou diretor não vai acreditar que você não consegue realizar suas tarefas normalmente por questões psicológicas. Com o estouro da séria "13 reasons why", não faltaram comentários de "apoio" a pessoas que sofrem com depressão. Contudo, na prática, não é bem assim. Percebe-se a que ponto chegamos quando as pessoas estão mais preocupadas com a Hannah Baker do seriado, enquanto julgam e humilham Hannas da vida real.
Diferente de muitas pessoas, não vejo na série um estímulo ao suicídio, mas sim uma visão distinta sobre o que acontecia com a protagonista. De fato, havia quem a amasse, mas ninguém dizia. Ninguém pediu perdão. Ninguém quis saber a versão dela ou o que realmente estava acontecendo. Penso que isso seja típico do ser humano: fechar os olhos à coisas boas e às palavrinhas mágicas que aprendemos desde os 5 anos "desculpa", "muito obrigado" e apontar apenas os defeitos. Vejo isso como uma motivação, por lembrar que mesmo que ninguém fale, há quem, mesmo que em segredo, precisa de você.
Durante muito tempo eu me perguntei o que fazia de errado, mas percebi que o problema não era comigo e sim com quem precisa diminuir alguém para se sentir bem e, diariamente, tento me convencer disso (Não é auto ajuda, apenas a verdade).
Você nunca vai ouvir alguém dizendo para quem tem câncer que a culpa é da pessoa ou que ela buscou por isso. Mas depressão é coisa de gente preguiçosa que por não ter nada pra fazer, pensa demais.
A única diferença entre a depressão refere-se à falta de ânimo. E eu garanto: lutar contra uma doença que te tira a vontade de lutar e pode te matar é extremamente difícil. Agora, imagine isso aliado a ver e ouvir de quem você ama que está sendo dramático, vitimista e fresco, justo no momento em que mais precisa de ajuda e companhia.
Primeiramente, é quase impossível, apenas olhando para alguém, se essa pessoa sofre com a doença. Ela é silenciosa e escondida a sete chaves sob um alto astral e muitas gargalhadas. Portanto, no momento em que alguém confiar em você e expôr seus maiores medos, sinta-se importante. Não julgue, não "dê conselhos" que mais atrapalham que ajudam, como "vai fazer alguma coisa pra se distrair".
O preconceito é tão grande, que milhares de pessoas sofrem sem procurar ajuda, porque ninguém busca entender o que de fato acontece e, no início, você mesmo tenta não acreditar nisso. É como se todos possuíssem boias, mas ficassem apenas olhando a pessoa se afogar sozinha, dizendo que apenas ela poderia se ajudar a sair dessa situação.
Às vezes, compartilhar o que se está sentindo pode ser a melhor opção, pois evita que a cada momento deva ser dada uma nova explicação. Será? Muitas vezes a camuflagem de quem está no seu lado é tão boa, que você nem percebe o quanto o machucam e, mesmo conhecendo sua história, insistem em remexer a ferida, que acaba por nunca fechar.
É tão triste perceber que as pessoas estão se perdendo, sofrendo, se matando... Tudo em nome de manter seu ego inabalável e da vontade de fazer parte de algum grupo. E, para encerrar, deixo apenas a citação de Carl Jung "Todos nascemos únicos e morremos cópias"
Não permita isso. Seja singular. Lute por você. Estou tentando também. Aliás, já abraçou alguém hoje e disse, com atitudes, "pode contar comigo sempre?"