Análises recentes de Guilherme

Talvez estar dentro de um cockpit de carro, caminhão, barco, nave espacial ou o que for, seja uma das sensações mais reconfortantes que nós mamíferos ordinários podemos sentir, a sensação de estar protegido e ao mesmo tempo tão perto do inesperado que está logo em frente, a bolsa do canguru, o cobertor na infância que nos protege do "monstro" imaginário.

Apenas ajude seu velho tio Lütfi, partir da Alemanha Oriental até chegar a Turquia, em busca de familiares que não vê a 30 anos, devido a separação ocasionada pelo Muro de Berlim. A história é curtinha, mas bem encaixada com o contexto do game.

Dormir em hotéis beira de estrada, roubar hóspedes, parar em postos de gasolina vender cigarros, gerir recursos do porta malas, contrabandear produtos, atravessar fronteiras, parar em acostamentos no meio da noite abrir caixas de vinho e ainda cuidar da manutenção desta porcaria, porém adorável lata velha.

Tudo funciona muito bem, são mecânicas simples, mas funcionais, o jogo permite interagir com todas funções do painel, o interior do carro é impecável, inspirado no Trabant 601, famoso por apresentar muitos problemas mecânicos, e no jogo não vai ser diferente.

Fazia tempos que procurava um jogo assim pra jogar sem pressa, estar em uma época diferente, ligar o rádio, ouvir a chuva caindo sobre o capô, ficar sem gasolina no meio do nada. Por fim assista o filme "A Mula" da lenda Clint Eastwood, lembra bastante esse jogo.

Experiencia curta de terror psicologico, graficos de ps1, dublado em ingles, belos sons ambientes e com algumas filosofias sobre a humanidade. Compre se você gosta de coisas Lynchianas e derivados.

Joguinho relaxante, com puzzles estilo cubo mágico, você gira o eixo central dum prédio, alternando o que se passa nele, entre passado, presente e futuro.

Dentre muitas experiencias que ocorrem neste local, grande maioria tem certo apelo emocional, ai toca essa musiquinha aê do vídeo, e se você for meio casca fina, fica tristezinho. Recomendo!

Estamos diante daquele que, talvez, seja somente mais um dos jogos satíricos feitos

Nada melhor que a sensação de perambular pelo estranho, sem quests ou historinhas, apenas uma lista de tarefas em mãos, no melhor estilo Postal Dude.

Em uma esquina, um gato com dois furicos, em outra, um cão praticando atos obscenos com uma almofada, assim é o gigantesco mapa de SLUDGE LIFE, a cada quadra um confronto com a moralidade humana e pitacos de bizarrices.

Um mundo aberto com paleta de cores vibrantes, onde é possivel entrar em qualquer lugar, explora-lo se torna uma experiencia prazerosa, cada cantinho com seus detalhes peculiares e segredos.

Um dos poucos jogos que me dei o trabalho de platinar. Recomendo!

Achei que era algum tipo anti-jogo escondido em perspectivas e conceitos Inexplicáveis para se subentender algo maior, mas é só um adventure com arte infantil e tedioso, divulgado por donos desses chamados Sites Digitais e Blogs da Web Internet.

A thumbnail deste jogo representa perfeitamente sua premissa, nosso ego gigantesco nos confrotando e fazendo o favor de nos lembrar que somos um pedacinho de esterco de vira lata na esquina.

E se você acordasse no seu próprio velório? Podendo relembrar suas escolhas mesquinhas ao longo da vida? Não em uma autorreflexão, mas por perspectivas de amigos e familiares? Aqui você não escolhe os seus diálogos, mas sim os de quem está ali presente, afinal, você morreu. Isso cria um interessante autoquestionamento sobre sua moribunda existência na terra.

Jogo com uma gameplay arrastada, talvez até cansativo, muito longe desse vídeo da loja, mas bem escrito e com uma proposta diferente, pra mim é o suficiente. Não tem PT BR até o momento.

A medida que a tecnologia avança insanamente, a terra se deteriora em ritmo semelhante. Small Radios Big Televisions não apresenta muito sobre sua história, apenas duas vozes distorcidas com efeito radiofônico conversando sobre experiencias fracassadas da humanidade em tentar purificar a água e ar. Esses diálogos por sua vez, carregam um certo tom de superioridade intelectual, ou até mesmo uma leve soberba. Quem diabos são eles?

A gameplay é simples, resolver puzzles relaxantes em cenários com eixo rotatório, que mudam seus ângulos de visão, semelhante a um cubo mágico. A magia acontece nas Fita Cassetes necessarias para avançar no jogo, nelas você é transportado a lugares surrealistas e abstratos que nos dão um banho de ácido, misturados a uma trilha sonora que nos mergulha na maravilhosa sensação de estranheza sensorial de nossos cérebros.

Em uma dessas fitas você observa alguém sentado de costas em um sofá, vidrado em um gigantesco televisor, ao seu lado fones de ouvido e um óculos de realidade virtual, em sua retaguarda nuvens relampeiam e gotas de chuva dourada tóxica caem. Existe alguma fuga digital? Em um dos diálogos os seres misteriosos dizem "Era viciante pra eles".


Meu sentimento ao jogar foi sobre uma humanidade sem alternativas para reverter a iminente situação do planeta, buscando fugir da realidade numa tentativa desesperada de ter seu ultimo conforto, antes da inexistência e do preto eterno, o bom e velho sentimento funesto que nos acompanha enquanto vida. O alívio digital tem um preço, nossos cérebros putrefatos e a podridão da vida orgânica. A matéria cai por terra e serve de alimento para as larvas, mas os dados digitais também serão corrompidos e não haverá terra para eles.

Jogo obrigatório pra quem curte uma boa experiência audiovisual, puzzles inteligentes e apreciar um pouco do bom e velho surrealismo.

Sucesso é o estado ou condição de atender a uma definida faixa de expectativas. Foi isso que o algoritmo do google me disse no momento em que escrevo esta análise. Mas e se o fracasso por sua vez, fosse uma grande realização pessoal em sua mente? Permanecer no silencioso anonimato ou atender a grande demanda para uma barulhenta aceitação?

A psique humana tem dessas peças fascinantes, como o porque emoções "ruins/negativas" tem na maioria das vezes um impacto mais profundo em nossas mentes do que as "boas emoções"? O medo nos cerca a todo momento, mesmo que sutilmente, já a bravura as vez é algo repentino, imediato. A alegria de ganhar uma aposta, não é tão duradoura quanto a tristeza e amargura de se perder uma. O sentimento de ajudar alguém com problemas mentais, jamais sera maior que o fardo de omitir ajuda a alguém nesta condição. Ainda há tempo para voltar?

Em Beginner's Guide, Davey acompanha sua jogativa na boa e velha quarta parede, narrando a história de seu supostamente amigo Coda, um criador de jogos independetes que nunca chegou a de fato publicar seus jogos. A gameplay basicamente são breves passagens por criações de seu amigo, cada uma com profunda indentidade, transmitindo seus pensamento e anseios.

Por se tratar de um jogo curto não vou aprofundar muito, recomendo se você gosta de experiencias diferentes, que levantem questões pra refletir. É interessante pensar sobre até que ponto o que criamos/fazemos tem significado para nós, mesmo não sendo bem aceito ou com baixa aprovação. Até que ponto vale se esgotar para entregar algo que não é verdadeiro? Até que ponto você precisa concluir algo para dar significado a alguém, ou deixar pontas abertas em sua própria mente. Assim quando Coda questiona Davey em um diálogo "Um jogo precisa ser realmente jogável?"

Deixo aqui duas recomendações do mesmo gênero: Press Any Button e When the Darkness comes

John é um pênis não circuncidado que vive sua vida pacata e normal como a de qualquer pênis por ai, realiza tarefas banais, lava os testículos, se alimenta e trabalha em uma empresa testando dildos em seu orifício retal, nada muito fora do comum.

Dia após dia John se prepara para sua festa de ex-alunos do ensino médio, que esta prestes a chegar, faz de tudo para mudar sua vida repentinamente em busca de aprovação, numa tentativa alucinada para obter bens materiais supérflos, relações vazias, mudar sua aparência em academias e toda essa desordem é cheia de satiras sobre Tinder e Facebook.

A narrativa dublada lembra bastante The Stanley Parable, e flui naturalmente, de acordo com suas interações pelo cenário, que diga-se de passagem tem uma física absurda.

Cara, jamais pensei que um jogo sobre genitálias coloridas abordaria questões como valores superficiais, busca por aprovação, e bullying. Jogo simplesmente surpreendente, da um pau em muitos aê, me desculpem por isso...