Nos últimos dias de vida do meu vô, ex policial da Brigada Militar, já debilitado e acamado, ele me pedia pra ir no bolicho comprar cigarros. Então eu inocentemente o ajudava, com suas pequenas doses diárias e mortíferas de tabaco. Ao retornar para casa, ele dizia "trás aqui guri" já com a voz embargada e rouca. Ao me aproximar, entregava a carteira de Derby Azul, então ele bagunçava meu cabelo, talvez numa das suas raras demonstrações de afeto, estendia as mãos calejadas e me dava o dinheiro do troco.

Seis reais e vinte cinco centavos, eu contava animado as moedas... equivalentes a 4 horas de jogatina e uma rapadura de amendoim. Chegando na locadora, entregava as moedas de maneira desajeitada, para a dona Marines, que me recebia atrás do balcão, sempre com um largo sorriso no rosto. Eu apontava timidamente para a capa do Vice City, colada na parede, quase como um ato de audácia, por querer jogar tal coisa. Então ela caminhava até a TV Sony 20 polegadas, aquelas de tubo, apontava o controle remoto, ligava temporizador, 240 minutos, em grandes números verdes. Em seguida entregava uma folha encardida com os códigos, então tanques caim dos céus e aquela coisa toda...

Esse texto não é sobre o jogo em si, mas o grande carinho que ele representa pra mim. A minha primeira experiencia em mundo aberto, onde por alguns minutos eu sonhava, imaginava uma vida, me sentia livre, escapava dos anseios, medos e problemas. Finalmente, no canto superior direito, o temporizador piscava indicando meus últimos minutos... E assim é a vida, o temporizador não para, não existe códigos. Meu avô se foi, mas as memórias ainda permanecem vivas, ele se foi, mas GTA Vice City ironicamente ainda continua aqui, igualzinho...

Esse jogo tem um significado imenso pra mim, me aproxima das melhores lembranças da minha infância, mesmo após tanto tempo. Talvez seja insano falar isso, mas ao andar pelas ruas desse jogo, me sinto perto do meu vô, um sentimento agradável e triste ao mesmo tempo. Acho que é uma boa definição do que entendo por nostalgia...

Nos últimos dias de vida do meu vô, ex policial da Brigada Militar, já debilitado e acamado, ele me pedia pra ir no bolicho comprar cigarros. Então eu inocentemente o ajudava, com suas pequenas doses diárias e mortíferas de tabaco. Ao retornar para casa, ele dizia "trás aqui guri" já com a voz embargada e rouca. Ao me aproximar, entregava a carteira de Derby Azul, então ele bagunçava meu cabelo, talvez numa das suas raras demonstrações de afeto, estendia as mãos calejadas e me dava o dinheiro do troco. Seis reais e vinte cinco centavos, eu contava animado as moedas... equivalentes a 4 horas de jogatina e uma rapadura de amendoim. Chegando na locadora, entregava as moedas de maneira desajeitada, para a dona Marines, que me recebia atrás do balcão, sempre com um largo sorriso no rosto. Eu apontava timidamente para a capa do Vice City, colada na parede, quase como um ato de audácia, por querer jogar tal coisa. Então ela caminhava até a TV Sony 20 polegadas, aquelas de tubo, apontava o controle remoto, ligava temporizador, 240 minutos, em grandes números verdes. Em seguida entregava uma folha encardida com os códigos, então tanques caim dos céus e aquela coisa toda... Esse texto não é sobre o jogo em si, mas o grande carinho que ele representa pra mim. A minha primeira experiencia em mundo aberto, onde por alguns minutos eu sonhava, imaginava uma vida, me sentia livre, escapava dos anseios, medos e problemas. Finalmente, no canto superior direito, o temporizador piscava indicando meus últimos minutos... E assim é a vida, o temporizador não para, não existe códigos. Meu avô se foi, mas as memórias ainda permanecem vivas, ele se foi, mas GTA Vice City ironicamente ainda continua aqui, igualzinho... Esse jogo tem um significado imenso pra mim, me aproxima das melhores lembranças da minha infância, mesmo após tanto tempo. Talvez seja insano falar isso, mas ao andar pelas ruas desse jogo, me sinto perto do meu vô, um sentimento agradável e triste ao mesmo tempo. Acho que é uma boa definição do que entendo por nostalgia...